BARATA, Lívia Fernandes e BRANCO, Anete. Os distúrbios fonoarticulatórios na síndrome de Down e a intervenção precoce. Rev. CEFAC [online]. 2010, vol.12, n.1, pp. 134-139. ISSN 1516-1846.
“A John Down foi atribuída a primeira descrição pormenorizada e criteriosa de um distúrbio denominado mongolismo ou idiotia mongoloide, supondo
que muitos dos sintomas presentes no paciente que estava estudando, fossem típicos do grupo étnico mongol. Com o passar do tempo, tal ponto de vista foi descartado em função do rótulo racialmente pejorativo de mongolismo, dando lugar à designação atual de Síndrome de Down (SD).
Descobriu-se ao longo dos anos que esses indivíduos possuíam um cromossomo extra, ao invés de dois cromossomos 21, o que levou ao termo
Trissomia do 21.” (p.134)
“O paciente apresenta cavidade oral de tamanho
reduzido, alterações nos órgãos que compõem o
sistema estomatognático, ocasionando distúrbios
fonoarticulatórios. A hipotonia muscular provoca um desequilíbrio de forças entre os músculos orais e faciais, alterando a arcada dentária, dando um aspecto de projeção mandibular e contribuindo para que a língua assuma uma posição inadequada. A
respiração oral, além de deixar a criança mais suscetível a infecções respiratórias, altera seu palato e dificulta a articulação dos sons, sendo a fala um dos
maiores problemas existentes nestes indivíduos.” (p.134)
“Pela diversidade da problemática encontrada nos pacientes com SD, é necessário que os pais e os profi ssionais da saúde atuem com muita atenção no sistema estomatognático (SE), neste caso, no sentido de estimular as funções fisiológicas, sendo que, com o crescimento crânio-facial encerrado e a musculatura aderida às bases ósseas, os resultados poderão ser parciais.” (p.135)
“A fi m de atender aos objetivos propostos, elaborou-se um estudo exploratório descritivo, feito através de um levantamento bibliográfi co, dos últimos 50 anos (1959-2009), utilizando-se as bases de dados LILACS e PUBMED, livros (encontrados
em bibliotecas de instituições de ensino e pesquisa) e periódicos da área, nos idiomas português, inglês e espanhol.” (p.135)
“O tamanho médio da mandíbula na SD não é, significativamente, maior do que nas pessoas normais. O que ocorre é um posicionamento anterior da face. O crescimento e o desenvolvimento anormais da mandíbula podem também ser causados pela
hipotonia dos músculos temporal e masseter, hiperfuncionalidade das articulações temporomandibulares, respiração oral, língua alojada na parte anterior da cavidade oral, modo adaptado de deglutir, além do insuficiente crescimento ântero-posterior e
vertical. A classe III também pode ser resultado da função e postura da língua. Alguns casos de classe III são verdadeiros casos de prognatismo. Muitos fatores estão associados à mordida aberta anterior, como crescimento defi ciente da maxila acompanhado do pressionamento da língua e doenças periodontais.” (p.136)
“Quanto à hipotonia, quando acentuada, pode ocasionar uma menor movimentação dos órgãos fonoarticulatórios (OFAs), refl etindo em imprecisões articulatórias, substituições ou distorções de sons. Além da hipotonia e hipomobilidade, a falha
na propriocepção de lábios pode levar à omissão ou distorção dos sons bilabiais.” (p.136)
“É importante sanar ou minimizar aspectos físicos que possam prejudicar a articulação e produção vocal por meio de exercícios para fortalecimento da musculatura, adaptação de próteses dentárias ou auditivas. A linguagem representa um dos aspectos mais importantes a ser desenvolvido por qualquer criança, para que possa se relacionar com as demais pessoas e se integrar no meio social.” (p.136)
“A defi ciência mental está relacionada a uma lentidão um pouco maior de aprendizado e obtenção de conhecimento. A dificuldade se dá em desenvolver o lado simbólico, ou seja, conceitos abstratos como passado e futuro. Assim, o aprendizado é muitas vezes realizado por meio dos sentidos. Por isso, todo o tipo de estimulação é a chave para a vida mais saudável e rica em experiências. Além disso, existe uma evidência de que crianças com SD mostram diferenças no processamento da informação em seu desenvolvimento.” (p.137)
“Caracterizar os aspectos fonoarticulatórios dos sujeitos com Síndrome de Down pode proporcionar uma melhor compreensão das alterações inerente a essa população, podendo estas ser abordadas na reabilitação em suas diversas modalidades, servindo como parâmetro na evolução terapêutica.” (p.138)
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